Olá, alunos! Umas das últimas postagens da disciplina de Português aqui neste blog foi o seminário feito pelos alunos de todas as turmas, mais especificamente os grupos que ficaram com a responsabilidade de falar sobre a importância da meditação para se viver mais e mais feliz. Tais apresentações foram um sucesso, porque ficou evidenciado cientificamente que nossa mente e nosso corpo precisam de um relaxamento que não advém apenas de uma boa noite de sono.
Confiram agora uma matéria maravilhosa, cujo título é "Geração de distraídos" e traduz exatamente o que foi debatido nas apresentações: precisamos relaxar nossa mente e entrar num estado de tranquilidade tal, que possa nos proporcionar a possibilidade de realizar atividades variadas, com foco e concentração. A matéria são as linhas que se seguem, e o link dela aparece logo em seguida:
GERAÇÃO DE DISTRAÍDOS
Começar
e terminar uma tarefa é coisa do passado? Ouvir uma música até o final é sinal
de resiliência? Foco é a palavra de ordem do momento: por mais ação e menos
distração.
Não
sei como é na sua casa, mas aqui a menor distância entre dois pontos não é uma
linha reta. Se minha filha está na sala vendo TV e digo para ir escovar os
dentes, no circuito entre sair do sofá e cruzar a porta do corredor, ela vai
parar no quarto. Às vezes parece que há uma espécie de portal mágico que, ao
ser ultrapassado, leva a pessoa para outra dimensão. Ana Bia simplesmente tem
uma enorme dificuldade de focar e cumprir uma ordem sem se distrair. Criei até
um jargão usado em momentos de pressa, quando peço algo e não tenho tempo de
resgatá-la da dispersão: “Sem desvios!”.
Eu achava que era uma característica
particular, mas conversando com outras mães constatei que é um problema
universal nas crianças de hoje: começar e não finalizar. O pijama é dobrado,
mas não guardado. O jogo é montado (tabuleiros e peças), mas não jogado. O
aplicativo é baixado e deixado de lado. Às vezes até mesmo uma frase fica
incompleta no ar, em meio a pensamentos voadores. “O que eu ia falar mesmo?”,
ouço com frequência. O que muito me assombra, afinal, problemas de memória não
são típicos dessa idade.
O analista de dados e blogueiro Paul Lamere,
especializado em música e tecnologia, faz uma análise interessantíssima sobre o
comportamento atual dos jovens. Nas palavras dele: “O botão de pular (Skip) é
agora uma grande parte da experiência geral de escuta. Não gosta de uma música?
Passe para a próxima. Nunca ouviu? Passe para a próxima. Já ouviu? Passe
adiante. O Skip ainda desempenha um papel na forma como nós pagamos por música.
Na maioria dos serviços de assinatura, se quiser a liberdade de pular uma faixa
sempre que quiser, você precisa ser assinante premium, caso contrário será
limitado a uma meia-dúzia de pulos por hora”. Ou seja, nem as canções estão
sendo ouvidas até o final.
Ele teve acesso a dados do Spotify, serviço de
música digital, sobre o quão frequente as pessoas “pulam” de uma música para
outra. Chegou a números impressionantes: 24,14% usam o botão “skip” nos
primeiros 5 segundos. Ou seja, mal começam a ouvir e já trocam. Aguentam até 10
segundos de uma mesma faixa, 28,97% e até 30 segundos, 35,05% dos ouvintes. E
agora pasmem: 48.6 % (quase a metade!) dos usuários do site desistem da música
antes dela acabar. E passam para a próxima. Segundo Lamere, os jovens
adolescentes têm a maior taxa de “salto”, bem acima dos 50%.
Estaremos todos viciados em novidades a ponto
de não sabermos mais viver o momento? Qual a diferença entre olharmos
freneticamente para todos os lados sem focar em nada e sermos cegos?
É um círculo vicioso: a falta de foco gera o
costume de fazer pela metade que gera a preguiça de fazer por inteiro e com
qualidade. Resultado? Retrabalho. Perde-se o dobro do tempo para refazer algo
que poderia estar pronto (e bem feito) logo da primeira vez. Outra consequência
da ansiedade pelo que está por vir: uma constante insatisfação. Se a gente
nunca termina nada, nada é fruto do nosso trabalho, logo, não temos do que nos
orgulhar. Talvez por isso haja, na geração dos nossos filhos, essa sede por
aplausos e elogios gratuitos. E nós os aplaudimos!
Segundo
a chinesa-americana Amy Chua, em seu polêmico livro “O Grito de Guerra da Mãe
Tigre”, a diferença entre mães orientais e ocidentais é que para as primeiras a
infância é um período de treinamento e para as ocidentais, uma fase idílica
onde deve-se deixar as crianças curtirem à vontade. Bem, não sou chinesa, mas
adotei em parte o conceito do treinamento. No quesito ‘foco’, estou em plena
campanha por melhorias aqui em casa. Ipad e TV ao mesmo tempo? Não pode. Tem
mais de duas coisas pra fazer e não sabe por onde começar? Anote e siga a
lista. Recebeu uma missão e sentiu impulso de desviar? Repita em voz alta o que
é para ser feito e só silencie depois de cumprir.
Para
não colocar pimenta apenas nos olhos dos outros, parei para observar a mim
mesma. Quantas vezes, ao longo do dia, desfoco para dar uma conferida nas redes
sociais e e-mails? Várias. Tudo bem, é instrumento de trabalho. Mas não tem
desculpa, é distração igual: além das mensagens profissionais trocadas, em
geral escorrego para dar uma olhada nos posts dos amigos, interagir, comentar.
Quanto tempo do meu dia útil perco nessa distração? E do mês? Melhor ficar
atenta. E não só cobrar, mas também dar o exemplo.
E na
sua casa, como é?
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